A dinâmica religiosa nos Estados Unidos tem se mostrado em declínio ao longo das últimas décadas, segundo dados demográficos recentes. A pesquisa realizada pela Gallup revela que a crença em Deus caiu de 98% em 1952 para apenas 81% em 2022. Um estudo mais recente do Pew Research Center de 2023 aponta que 22% dos norte-americanos se identificam como espirituais, mas não religiosos, enquanto em 2024, 28% se descrevem como ateus, agnósticos ou como ‘nenhum em particular’. Esse padrão de diminuição da prática religiosa se reflete também na América do Norte e na Europa, embora a situação seja bastante diferente no Oriente Médio, no Sul da Ásia e na América Latina, onde a religiosidade está crescendo.
A Irmã Ilia Delio, professora de teologia na Universidade de Villanova, observa essas mudanças com um olhar crítico. Apesar do declínio aparente da fé tradicional, ela acredita que a crença em Deus não está desaparecendo; ao contrário, está se manifestando de novas formas. “Não desapareceu, mas está assumindo novas formas”, afirma Delio. “Essa transformação altera significativamente como concebemos Deus e a fé”.
A tecnologia desempenha um papel crucial nesse novo cenário religioso. Com o advento de smartphones e redes sociais, as pessoas agora buscam ensinamentos e comunidades religiosas online. Sacerdotes robóticos e a utilização de inteligência artificial (IA) estão emergindo como novas maneiras de conectar os indivíduos com suas crenças. Um exemplo notável é uma igreja na Suíça que introduziu um Jesus virtual em seus confessionários, levantando questionamentos sobre se essas inovações tecnológicas poderão revitalizar a religião.
No TikTok e outras plataformas sociais, a religião tem encontrado um novo espaço para interação e disseminação. Os usuários podem facilmente encontrar comunidades ou ideias que ressoem com suas próprias crenças. Segundo Pinchas Goldschmidt, presidente da Conferência de Rabinos Europeus, “hoje as pessoas não consultam mais seus líderes religiosos locais; elas buscam respostas no Google”.
Historicamente, a intersecção entre religião e tecnologia não é novidade. A invenção da imprensa no século XV já havia permitido uma ampla disseminação de textos religiosos. Atualmente, com o acesso democratizado à informação por meio da internet, a Irmã Ilia ressalta que “temos tudo ao nosso dispor”. As redes sociais são inundadas com conteúdos que vão desde tradições religiosas até explicações sobre rituais.
Indivíduos como ShanDien Sonwai LaRance e Melinda Strauss estão utilizando essas plataformas para compartilhar aspectos culturais e religiosos únicos. LaRance promove a Dança Hoop, uma forma tradicional de oração nativa americana, enquanto Strauss educa os seguidores sobre o judaísmo ortodoxo através de vídeos interativos.
Além disso, grupos religiosos têm explorado o uso da IA para engajar os fiéis de maneiras inovadoras. O sacerdote Caru Das Adhikary utiliza IA para compor músicas inspiradas nas tradições sagradas hindus. Ed Stetzer, diretor da Faculdade de Teologia Talbot, também recorre à IA para enriquecer seus sermões. No entanto, ele reconhece que essa tecnologia ainda não substitui o toque humano necessário nas interações religiosas.
Robôs estão sendo introduzidos em práticas religiosas; por exemplo, Gabriele Trovato criou o SanTO – um robô projetado para oferecer assistência espiritual aos idosos. Em Beijing, um robô chamado Xian’er ensina princípios budistas em templos. Esses desenvolvimentos provocam questionamentos sobre até onde a tecnologia pode ir sem comprometer a essência da espiritualidade.
A crescente presença da tecnologia nas práticas religiosas levanta questões sobre autenticidade e conexão emocional. Como os líderes religiosos reconhecem os desafios apresentados por essas inovações? Recentemente, representantes de diversas tradições religiosas se reuniram em Hiroshima para discutir o uso ético da IA no contexto espiritual. Este encontro foi um lembrete de que a tecnologia deve servir à humanidade sem substituir as experiências pessoais das tradições religiosas.
A busca por um equilíbrio entre tradição e inovação continua sendo um tema central na discussão sobre o futuro da fé no mundo digital. A Irmã Ilia conclui que “é fundamental utilizar a tecnologia não para substituir a religião, mas para aprimorá-la”, enfatizando a necessidade de uma abordagem consciente que respeite as raízes espirituais enquanto abraça as possibilidades oferecidas pela modernidade.
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